Linha do Douro

Set 23, 2020

Confesso que a primeira vez que tinha ouvido falar na possibilidade de recuperação de antigo e característico material circulante e na sua colocação ao serviço para efetuar comboios inter-regionais na linha do Douro, pensei que se tratava apenas de mais um anúncio panfletário e enganador, destinado a captar votos e a calar críticas. Felizmente, neste particular caso, estava enganado.

No quadro de um denominado “plano de investimentos”, a CP – Comboios de Portugal – iniciou, há algum tempo, a requalificação e recuperação de locomotivas a diesel da série 1400 e carruagens Schindler e Sorefame, e, actualmente, já é possível usufrui-las numa viagem que é muito mais do que aprazível – é magnífica e tem tudo para ficar na memória. De entre os aspetos positivos merecem destaque, não apenas a paisagem, por vezes esmagadora e majestosa (descontando, evidentemente, as inestéticas e desordenadas construções e “intervenções urbanísticas” ao longo dos primeiros 20 quilómetros do trajeto), mas igualmente os aromas e sons para quem aprecia o campo e os comboios. As carruagens, clássicas, apresentam-se agora amplas, limpas, luminosas e arejadas, permitindo percorrer as paisagens do douro com as janelas abertas e a possibilidade de sentir o ar do campo e os característicos cheiros da ferrovia. De resto, o som da locomotiva é inigualável. É verdade que, em tempos de pandemia, nem sempre os comportamentos sociais serão os mais adequados. Mas tal sucede por culpa dos passageiros pois, justiça seja feita, a CP e os seus colaboradores tudo fazem para que a segurança (neste caso, sanitária) seja uma prioridade. E conseguem-no, com simpatia e educação. Resta acrescentar que viagem não é cara, o que convida sobremaneira a repetir inúmeras vezes. Esperemos que a aposta seja para manter pois, após conhecer exclusivamente através do comboio vários países, é possível afirmar que Portugal é, seguramente, dos que mais vale a pena conhecer sobre carris. Neste caso, a CP, em lugar de críticas, merece felicitações e parabéns.

Joaquim Freitas da Rocha

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