Requalificação da linha do Douro: Vale a pena investir!
A Liga dos Amigos do Douro e o Museu do Douro lançaram uma petição à Assembleia da República, visando requalificar e modernizar a linha férrea do Douro, entre o Porto e Barca d´Alva, com ligação a Salamanca. É uma iniciativa da sociedade civil, o que desde logo é louvável.
Referem que é uma das ligações ferroviárias encerradas selecionadas por Bruxelas com maior potencial e interesse ambiental de reabertura, que olha o território e o investimento de modo integrado, inclui a descarbonização da economia usada para justificar investimento público em áreas congestionadas do litoral.
Trata-se de um investimento com retorno económico; não é uma reivindicação despesista, contrária ao interesse discutível de alguns investimentos públicos em infraestruturas de comunicação contempladas no Programa Nacional de Investimentos 2030.
Sem se perceber porquê, este plano privilegia as acessibilidades dos grandes centros urbanos, pouco investimento para o Norte e vota ao esquecimento a narrativa política da coesão territorial.
Relançar a linha do Douro é vital para o desenvolvimento económico de uma região que se esvazia, permitindo ligar quatro patrimónios da Humanidade (Porto, Douro Vinhateiro, Foz Côa e Salamanca); tem potencial turístico e de transporte de mercadoria ligando o litoral Norte ao sistema ferroviário europeu.
O país necessita e exige dos políticos e das políticas uma visão intergeracional que ambicione ser territorialmente coeso e competitivo.
O país não deve desviar-se desta trajetória e o plano de investimentos não pode ter uma visão redutora do território.
António Fontainhas Fernandes
Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Artigo de Opinião publicado no Jornal de Notícias
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