Visita a Guifões
No passado dia 21 de janeiro a Associação Comboios do Século XXI teve o gosto de se reunir com o presidente da Comboios de Portugal, o engenheiro Nuno Freitas. A reunião teve um duplo interesse – trocar pontos de vista com a direção da empresa e visitar o recém-reaberto Complexo Oficinal de Guifões.
A Associação esteve representada por Nuno Gomes Lopes e António Alves, respetivamente presidente e vogal da direção. A CP esteve representada pelo seu presidente, Nuno Freitas, e José Carlos Barbosa, diretor de Manutenção e Engenharia.
A direção da CXXI começou por apresentar a Associação e o trabalho realizado ao longo dos anos. Foram referidas as petições “Braga-Porto 40 minutos” e “Guimarães-Porto 50 minutos”, a luta pela manutenção da Linha do Minho, o episódio “Comboios com pouca terra” do programa Biosfera e as recentes iniciativas pela reabertura da Linha de Leixões e para a construção da Linha do Vale do Sousa.
O engenheiro Nuno Freitas fez um sucinto resumo dos 18 meses que se passaram desde que assumiu a pasta. O grande destaque foi para a reabertura das oficinas de Guifões, onde a CP pode agora renovar a sua frota, ganhando assim autonomia operativa. O contrato de serviço público e a dívida histórica também foram referidos. Falou-se dos desafios criados pelas obras em curso. Por um lado a vontade de autarcas em ter melhores serviços nas linhas modernizadas; por outro lado as dificuldades da CP em enquadrar as necessidades técnicas dos serviços pretendidos com as soluções implementadas nas vias. Falou-se do Alfa para Guimarães e do Intercidades para Évora. Falou-se da vontade dos autarcas da Cova da Beira de terem veículos frequentes e ligações de longo-curso para o Porto utilizando a reabertura da ligação da Covilhã à Guarda, que fica impossibilitada pelo prometido fecho da Linha da Beira Alta para modernização. Foi referida a Linha do Oeste, as pequenas melhorias causadas pelo comboio tardio para Coimbra e da reabertura das oficinas da Figueira da Foz. Com a eletrificação da Linha do Minho ficam prometidos comboios elétricos e mais velozes, mas ainda há incertezas quanto ao comboio internacional, que pode duplicar. Falou-se do Sud Express e do Lusitânia, encerrados pela pandemia e com dificuldade em regressarem. Falando em pandemia, o presidente da CP referiu-nos que a sua gestão tem de ser reativa à realidade, adaptando-se da melhor maneira possível aos desafios causados pela Covid-19.
A Comboios XXI focou-se na reabertura da Linha de Leixões, na necessidade de construir estações nos sítios cruciais, nomeadamente nos cruzamentos com a rede do Metro, e na ligação ao aeroporto. Focámo-nos também na futura Linha do Vale do Sousa, um empreendimento importante para a região que poderá avançar nos próximos anos. A Associação vincou que uma linha é tão melhor quanto melhor for a cadência e quantos mais tipos de serviços tiver, e que muitas das linhas em Portugal sofrem de ambos os males. Referimos também a necessidade de eliminar fronteiras ferroviárias, como por exemplo na Pampilhosa do Botão (ente a Linha do Norte e a da Beira Alta, onde irá ser construída uma concordância que permitirá comboios diretos para norte).
Antes da despedida tivemos a oportunidade de percorrer as oficinas de Guifões onde pudemos observar veículos emblemáticos que estão a ser recuperados (como automotoras de via estreita e as famosas carruagens Schindler), assim como as carruagens recentemente compradas a Espanha.
Ficou o compromisso por parte da direção da CP em passar a contar com a Associação Comboios do Século XXI como um interlocutor privilegiado. Os tempos que nos esperam são tanto de incerteza como de expetativa na área ferroviária, e estaremos prontos para continuar o nosso trabalho em prol da ferrovia em Portugal.
Nuno Gomes Lopes

Carruagens Arco em reparação

Carruagem Schindler em recuperação