CP desrespeita património público
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
As imagens acima expostas provocam um sentimento de indignação e, principalmente, impelem a alguma reflexão. Trata-se de imagens datadas de agosto de 2019, tiradas na estação da Régua (linha do Douro), e nas quais se pode constatar o estado de consideração que a CP- COMBOIOS DE PORTUGAL, E. P. E. presta ao seu património. Face ao que aí se demonstra, cabe perguntar:
– Será uma inevitabilidade ter de se deixar o património público chegar a esse estado deplorável de incúria?
– Não ferirá os mais elementares princípios de consciência ética dos gestores públicos responsáveis — que existem — deixar as situações arrastarem-se até ao estado aí demonstrado?
– Mesmo que se assuma (o que, note-se, será inaceitável) que a “ética” seja coisa de somenos, respeitarão tais gestores, ao menos, os mais elementares princípios de gestão empresarial?
Impende sobre todos nós — repete-se: sobre todos nós — deveres de preservação e proteção do património público, aqui se abrangendo os edifícios, monumentos, jardins, parques, pontes, estradas, fontes, veículos, etc., e tais deveres encontram a sua justificação no facto de se tratar de bens coletivos, que são de todos. Além disso, a não manutenção dos mesmo implica custos para o Estado que, em última instância, sobre todos acabará por impender, sob a forma de impostos, taxas, tarifas, contribuições, preços, etc.
Bem o sabemos.
Ora, se tais deveres impendem sobre todos os cidadãos e empresas em geral, por maioria de razão, impenderão sobre os gestores públicos, até porque estes são pagos pelo erário público precisamente para isso – para cuidar do bem público.
As fotos que aqui se apresentam são a negação desses deveres; demonstram negligência, incúria, abandono e desprezo pelos mais elementares valores de uma sociedade democraticamente adulta. Sim, porque a democracia não se esgota num voto de 4 em 4 anos, mas exige muito mais do que isso: exige solidariedade, respeito pelo próximo, preservação do ambiente, proteção do património público, e muito mais.
É de supor que haja verdadeiros gestores públicos na CP e que, havendo-os, os mesmos terão, ou deverão ter, consciência do absurdo acima exposto. Se não têm, não são competentes.
Convém frisar que, nos termos dos respetivos estatutos (art.º 3.º, disponíveis em https://www.cp.pt/StaticFiles/Institucional/1_a_empresa/1ModeloGoverno/estatutos.pdf), a CP é uma entidade totalmente pública — das poucas que ainda restam — cujo capital é detido integralmente pelo Estado, e que está indubitavelmente obrigada a observar os “princípios de boa gestão empresarial”, no âmbito dos quais a incúria e o abandono seguramente não se incluirão.
Uma nota suplementar: o “material” exposto nas fotos certamente gerará custos, pois seguramente obrigará ao pagamento de taxas de parqueamento, pela utilização (!?) das linhas férreas…
Enfim, não se tem a pretensão, e muito menos a ilusão, de acreditar que estas linhas convençam alguém responsável a mudar o estado de coisas. Se tal acontecesse, seria perfeito. Porém, ainda que não aconteça, a nossa associação cumpre o seu dever de comprometimento cívico e constitucional, expondo e denunciando.
Joaquim Freitas da Rocha
Tomou o articulista em consideração que talvez o Museu Nacional Ferroviário tenha dito que quer este material? Informou-se sobre a ditadura daquela organização sobre o património impedindo que a CP faça seja o que for e, ao mês tempo não faz nem deixa fazer?
É fácil malhar na CP. Este artigo poderia e deveria ouvir todas as partes e não seguir o caminho fácil da censura da CP e de quem aí trabalha. Um pouquinho de investigação e ganhávamos todos na qualidade e na verdade.
Bem gostaríamos que a CP nos desse informação. Mas tanta temos pedido, sem resultado que, por vezes nem tentamos…
Vamos pedir também sobre esta situação para ver se diz algo.
António Cândido de Oliveira